Você é capaz de imaginar o que acontece com o seu cérebro
quando você está prestes a tomar uma decisão importante? O que nos leva a
escolher aquele produto mais caro no supermercado ou qual filme assistir na
sexta à noite? A ciência tem se esforçado para entender melhor o processo de
tomada de decisões. Um artigo na Scientific American trouxe estudos revelando
que, ao contrário do que muita gente pensava, ter muitas opções de escolha nos
leva a tomar decisões piores – ou não tomar decisão nenhuma.
Quer saber como você pode dar uma forcinha para o seu
cérebro tomar decisões mais acertadas? Camile Maria Costa Corrêa, que estuda
fatores que influenciam a tomada de decisão no Laboratório de Neurociência e
Comportamento da USP A deu boas dicas.
O que a ciência já
sabe sobre a maneira como tomamos decisões?
Sabe-se que a maioria das nossas decisões são automáticas,
pois são fruto de processamento inconsciente. Descer uma escada ou retirar a
mão de uma chapa quente são decisões que precisam ser rápidas, sem
interferência da verbalização interna. Mas há decisões complexas que envolvem
situações de risco e exigem racionalização. Em tomada de decisões, simples ou
complexas, é o sistema nervoso que avalia as alternativas possíveis, geralmente
de forma a maximizar os ganhos e minimizar as perdas. A neurociência vem desenvolvendo
métodos para avaliar como a cognição, emoção, atenção e memória e outras
variáveis contribuem para o processo. A decisão não é uma simples escolha entre
alternativas, mas um processo que depende da experiência do indivíduo e de sua
capacidade de identificar os principais fatores da situação.
Como o cérebro atua
nesse processo?
Processos inconscientes, expressos no estado de motivação de
um indivíduo, dependem, grosso modo, do funcionamento do tronco encefálico e
dos gânglios da base. Já as reações emocionais são fruto de processamento do
sistema límbico: elas são o pano de fundo, o cenário em relação ao qual as
decisões são tomadas. Finalmente a atividade de áreas frontais (córtex
pré-frontal) é associada ao planejamento decisório, ao controle dos impulsos e
à decisão racional. Mas é importante lembrar que não existe essa aparente
compartimentalização do cérebro na hora de decidir. Todas as áreas têm sua
contribuição relativa e interdependente, só que umas são mais recrutadas do que
outras.
O estudo indicou que
ter muitas opções pode nos atrapalhar. Por que isso acontece?
Antes se pensava que quanto mais alternativas tivéssemos,
melhor seria a nossa decisão. As opções eram vistas como promotoras da nossa
liberdade de avaliar A melhor opção. Entretanto, escolher dentre inúmeras
alternativas de marcas de produtos no supermercado, celulares, carros etc.
virou um processo tão custoso que as pessoas sentem-se aliviadas quando não
precisam decidir. Quando temos que escolher uma alternativa, é necessário abrir
mão de muitas outras potencialmente boas também. Isso gera um sentimento de
perda e situações de impasse cuja resolução é tão difícil que pode ser mais
fácil desistir.
Como o estresse afeta
a tomada de decisões?
O estado de estresse claramente prejudica várias funções
cognitivas, como memória, atenção e a tomada de decisões. O estresse pode levar
a decisões impulsivas ou mesmo perseverativas. Pode restringir a busca por
soluções, pode impedir a flexibilização do raciocínio.
Que outros fatores
dificultam o ato de fazer escolhas?
Geralmente, acreditamos que não somos responsáveis por
decisões tomadas em situações de coerção, ignorância, intoxicação involuntária,
insanidade ou ausência de controle. Além dessas situações, o excesso de opções,
pouco tempo para decidir, falta de atenção, existência de distrações, apelos
por decisões impulsivas, vieses emocionais ou excesso de racionalização, são
empecilhos à decisão.
Como as propagandas e
outras influências externas podem afetar as nossas escolhas e o que podemos
fazer para não sermos tão influenciáveis?
As propagandas sabem usar elementos que apelam às nossas
motivações. O que se vende numa propaganda geralmente é só contexto e as
promessas de bem-estar associadas a um produto. Oferecê-lo pode ser satisfatório
por dois motivos: suprir uma necessidade ou suprir um desejo. Para não sermos
tão influenciáveis, mais importante do que saber que essas estratégias existem
é conhecer os seus valores pessoais. A introspecção (exercício de saber sobre
si mesmo) pode ajudar a filtrar o bombardeamento de oportunidades imperdíveis,
promoções e liquidações. Valorizar mais objetivos a longo-prazo do que os
imediatos são escolhas geralmente conservadoras, mas que impedem ceder à
tentação das propagandas.
Que outras atitudes
ajudam a tomar decisões melhores?
Ser capaz de prever eventos fornece tempo para preparar
reações, de forma a melhorar as escolhas que se venha a fazer no futuro. Por
outro lado, raciocinar sobre as próprias decisões, exercitar a introspecção
pode ser uma boa estratégia para identificar valores e objetivos a curto e
longo prazo, ajudando a construir critérios sobre suas necessidades e
motivações. Deixar a “intuição” falar também pode ser uma boa opção em vários
casos. Saber que, em alguns casos, as decisões “impensadas” geram resultados
melhores não significa necessariamente agir impulsivamente. A força da intuição
está nas experiências. Às vezes elas bastam, às vezes não.
Fonte: Super Interessante

#FICADICA
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Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas
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